A evolução: A base para a vida!
O que você vai aprender por aqui:
EF09CI08: Associar os gametas à transmissão
das características hereditárias, estabelecendo relações entre ancestrais e
descendentes.
EF09CI09: Discutir as ideias de Mendel sobre hereditariedade (fatores
hereditários, segregação, gametas, fecundação), considerando-as para resolver
problemas envolvendo a transmissão de características hereditárias em
diferentes organismos.
Descrição da atividade
- Compreender o processo de evolução dos seres vivos.
- Compreender a relação entre Reprodução, Mutações e o processo de evolução dos seres vivos.
- Compreender que a maior parte do material genético está armazenada no núcleo célula.
- Reconhecer o DNA e o RNA como componentes hereditários dos seres vivos.
- Entender os conceitos de cromossomos, cariótipo, genes e alelos.
- Conhecer alguns tipos de mutações e algumas alterações cromossômicas.
- Compreender os processos de divisão celular.
- Associar os gametas às transmissões de características entre as gerações.
- Conhecer a história de Mendel e sua contribuição para a Genética.
- Identificar algumas características hereditárias humanas.
- Conhecer as aplicações da Genética na atualidade e debater sobre alguns temas relacionados com a ética.
- Conhecer a genômica e o interesse sobre o genoma dos organismos.
- Refletir sobre ética na utilização de seres humanos e animais em experimentos científicos.
Do Big Bang até o primeiro ser vivo!
Esse foi um logo caminho de cerca de 11 bilhões de anos, até onde se sabe...
Escrevo isso pois estaremos considerando aqui apenas o surgimento da vida no planeta Terra. Não sabemos ainda se a vida ocorre exclusivamente em nosso planeta ou se está disseminada no universo.
As probabilidades apontam que a vida é um fenômeno relativamente comum, e que quando ocorrem condições adequadas, pode surgir expontaneamente. Claro, essa afirmação é apenas teórica, e considera o número enorme de exoplanetas e satélites naturais que podem existir no universo.
Porém a única coisa concreta, que podemos categoricamente afirmar, é que nosso lindo planeta, esférico e azul, é uma joia muito especial e o único hábitat possível para a vida.
E é sobre essa história, que vamos nos debruçar, a origem da vida e suas propriedades mais intrigantes e maravilhosas, a transmissão de suas características de geração em geração pela reprodução e a capacidade de evolução e geração de diversidade.
A origem do planeta Terra!
Essa história é a continuação do processo natural decorrente do surgimento do universo: O processo de formação dos sistemas estelares.
Um dos sistemas criados, foi o de uma estrela realmente comum no universo: Uma estrela amarela, de tamanho médio para pequeno, com brilho estável e com um disco planetário que originou vários corpos planetários.
Vários foram destruídos. Alguns mergulharam na estrela rumo a destruição. Outros foram expulsos do sistema planetário devido as interações gravitacionais, até que a configuração final se estabeleceu:
- Uma estrela amarela.
- 4 planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, nesta ordem de proximidade com a estrela hospedeira).
- 4 Planetas gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, nesta ordem de proximidade com a estrela hospedeira).
- Duas nuvens de asteroides (cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter) e a nuvem de Oort (após a órbita de netuno)
- Alguns planetóides (Plutão, Sedna, Eris, Makemake, Haumea, Ceres, etc)
- 214 satélites naturais (a lua é o 5º maior).
- Milhares de outros objetos menores.
A partir dessa configuração estável, o terceiro planeta desse sistema estelar, estava localizado em uma área bastante específica, conhecida como "ZONA HABITÁVEL", que consiste em uma área do sistema estelar onde é possível haver água líquida, e portanto o componente básico da vida como conhecemos.
Esse terceiro mundo é o planeta Terra.
O vídeo abaixo mostra toda a evolução deste momento e tudo o que ocorreu com nosso planeta até o surgimento dos primeiros seres vivos:
Antes de prosseguir a leitura, é fundamental ter assistido o documentário acima.
A vida e sua continuidade: As características genéticas e a reprodução dos seres vivos.
Antes de falar sobre a vida em si, é importante relembrar um conceito básico: a Célula.
Célula é a unidade básica e fundamental de todos os organismos conhecidos.
Uma célula é a menor unidade funcional da matéria viva. As células são frequentemente chamadas de "blocos de construção da vida". O estudo das células é denominado biologia celular ou citologia.
Há dois tipos de células, sendo o grupo dos procariontes e o dos eucariontes.
As células procariontes são representadas pelos grupos das bactérias e cianobactérias (reino monera). Têm como característica comum o fato de não apresentarem núcleo celular definido, estando o material genético disperso em seu interior, não apresentam organelas membranosas, apresentam apenas o ribossomo como organela.
Já as células Eucariontes (reino dos fungos, vegetais,
protistas e animais), por outro lado, apresentam uma estrutura mais complexa e
são representadas por todos os demais seres vivos. Sua estrutura geral se
divide em 3 regiões: membrana
plasmática, citoplasma e núcleo.
A figura abaixo indica as principais diferenças entre estes dois tipos de células:
Agora vamos focar nas células eucariontes e uma de suas principais estruturas, o "Núcleo Celular":
O Núcleo Celular e o Material Genético das células
O núcleo é a estrutura celular na qual a maior parte do material genético está armazenada.
O núcleo celular é uma estrutura localizada, muitas vezes, no centro das células que é envolvida por uma membrana denominada envelope nuclear ou carioteca. É preenchido pelo nucleoplasma. Possui uma região chamada de nucléolo. Esse é o local em que a maior parte do material genético da célula eucariótica é acomodado.
O material genético contém informações que determinam características hereditárias e comandam atividades da célula e, consequentemente, do organismo. Podemos encontrar o material genético em duas formas principais:
Cromatina: É o material genético em atividade e descompactado. Quando observada no microscópio é visualizada como uma região mais clara.
Cromossomos: É a forma compactada da cromatina. Pode ser observado apenas no momento da reprodução celular em algumas fases.
O envelope nuclear, também chamado de carioteca, é constituído por duas membranas e separa o citoplasma do conteúdo do núcleo. Ele possui Poros Nucleares que permitem a troca de substâncias entre o núcleo e o citoplasma.
O nucléolo é uma estrutura esférica, sem membrana, localizada no interior do núcleo e que é constituída por proteínas e RNA. É a região onde se formam os ribossomos, estruturas essenciais para a síntese de proteínas.
A figura abaixo exemplifica cada uma destas estruturas do núcleo celular.
O nosso material genético pode possuir vários nomes, dependendo de como ele está organizado:
-DNA é apenas a fita dupla de nucleotídeos (fosfato + açúcar pentose + base nitrogenada);
-O DNA está enrolado em proteínas, para ajudar na organização, a isso chamamos de cromatina: DNA enrolado em torno de proteínas (chamadas de histonas);
-Quando a cromatina começa a enrolar-se sobre ela mesma, para ocupar pouco espaço, formando estruturas bem compactas, chamamos de cromossomo.
Durante o período de vida em que a célula não está se dividindo, as cromatinas ficam emaranhados no núcleo celular, e não é possível distingui-los individualmente ao microscópio óptico. Quando a célula entra no processo de divisão, as cromatinas dobram-se sobre si mesmos, tornando-se mais compactados, tornando-se cromossomos. Isso torna-os visíveis ao microscópio.
Cada espécie de ser vivo possui um número fixo de cromossomos e, portanto, de moléculas de DNA em suas células.
Os seres humanos, por exemplo, têm 23 pares de cromossomos em cada uma de suas células, totalizando 46 cromossomos. No caso dos mamíferos, um dos 23 pares de cromossomos são designados como cromossomos sexuais (X e Y).
CARIÓTIPO é o conjunto de cromossomos dentro de um núcleo de uma célula. Encontramos nesse conjunto as informações que determinam as características de um ser, como: número/quantidade, tamanho, forma e característica dos cromossomos de uma espécie.
A imagem abaixo representa o cariótipo da espécie humana.
A célula com cromossomos aos pares é denominada célula diploide, representada por 2n.
Por apresentar forma e tamanho semelhantes e a mesma sequência de genes, os membros de cada par de cromossomos são denominados cromossomos homólogos.
Algumas células apresentam apenas um cromossomo de cada tipo. São as células haploides, representadas por n.
Os gametas humanos são exemplos de células haploides. Os gametas femininos e masculinos dos seres humanos têm 23 cromossomos, ou seja, metade do número de cromossomos da espécie.
Eles se unem na fecundação, formando o zigoto e restabelecendo o número de 46 cromossomos, padrão para a espécie humana.
CROMOSSOMOS SEXUAIS
Nos
mamíferos e em alguns outros seres vivos, há um par de cromossomos que diferem
entre indivíduos do sexo masculino e do feminino. São os cromossomos sexuais. Nas
pessoas do sexo biológico feminino, esse par é formado por dois cromossomos
idênticos, denominados cromossomos X. Nas pessoas do sexo biológico masculino,
esse par é constituído por um cromossomo X e um cromossomo menor, chamado
cromossomo Y. Desse modo, é possível determinar o sexo biológico de um
indivíduo pela análise de seu cariótipo
ALTERAÇÕES E SÍNDROMES CROMOSSÔMICAS
O cariótipo de algumas pessoas apresenta alterações no número ou na estrutura dos cromossomos. Muitas dessas alterações resultam em um conjunto de características e sintomas, caracterizando as síndromes cromossômicas.
Síndrome de Klinefelter
Se as células possuírem um cromossomo sexual a mais que o padrão da espécie (seriam XXY - sendo os dois X herdados da mãe e o Y, do pai). Essa condição ocasiona a síndrome de Klinefelter. As pessoas com essa síndrome são do sexo biológico masculino e apresentam características como órgãos sexuais pouco desenvolvidos, infertilidade e membros inferiores e superiores alongados.
Síndrome de Turner
De forma similar, a fecundação de um gameta feminino sem nenhum cromossomo sexual por um espermatozoide portador de um cromossomo X levaria à formação de um zigoto com cariótipo diferente do padrão da espécie. Nesse caso, o zigoto formado teria apenas um cromossomo X, caracterizando a síndrome de Turner. As pessoas com essa síndrome são do sexo biológico feminino e apresentam baixa estatura e infertilidade, entre outras características.
Síndrome de Down
Outro exemplo de alteração cromossômica é a síndrome de Down. Pessoas com essa
síndrome têm três cromossomos 21, em vez de dois. Essa condição, em que o
cariótipo apresenta três cromossomos de um par, recebe o nome de trissomia. Por
esse motivo, a síndrome de Down também é chamada de trissomia do cromossomo 21.
A estrutura do material genético
Os ácidos nucleicos são formados por unidades repetidas dos nucleotídeos. Em nossas células existem dois tipos de ácidos nucleicos, o DNA e o RNA.
- DNA ou ácido desoxirribonucleico é uma molécula longa formada por duas fitas unidas constituídas por nucleotídeos. A função do DNA (ácido desoxirribonucleico) é armazenar o material genético.
- RNA ou ácido ribonucleico possui apenas um filamento de nucleotídeos (fita simples). Ele é responsável pela síntese de proteínas.
O Material Genético nos seres humanos e na maior parte dos seres vivos é formado por moléculas de DNA.
O DNA (ácido desoxirribonucleico) é a molécula que contém informações genéticas que são passadas geração após geração e que está relacionada à manifestação das características.
Ela também contém dados para a produção de proteínas do organismo. As proteínas são as moléculas que determinam a estrutura das células e controlam as suas atividades.
Para que a síntese de proteínas aconteça e que as informações contidas no DNA sejam "traduzidas" é necessária a ação de uma outra molécula intermediária, o RNA (ácido ribonucléico), que pode transcrever a informação genética do DNA em informação para a produção de uma proteína com funções específicas.
Este mecanismo é conhecido como "DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR", que indica que as informações genéticas são armazenadas pelo DNA. Essas informações são Transcritas pelo RNA. As funções celulares são executadas pelas proteínas, formadas pelas informações genéticas traduzidas do RNA.
Veja o vídeo abaixo que explica um pouco mais sobre o o "dogma central da biologia molecular".
O grande segredo do funcionamento do DNA e da sua capacidade de armazenar informação genética está na sua estrutura.
As fitas de material genético são formadas por conjuntos de nucleotídeos.
Cada nucleotídeo é constituído por um grupo que tem uma molécula de açúcar,
um grupo fosfato e uma base nitrogenada.
É a sequência de nucleotídeos e justamente, a sequencia de bases nitrogenadas, que armazena a informação genética.
Cada nucleotídeo é representada por uma letra. São quatro nucleotídeos que formam as moléculas de DNA. Eles se diferenciam pela base nitrogenada que os compõe. São eles:
A - Adenina
T- Timina
C- Citosina
G - Guanina
A figura abaixo mostra o formato e a composição destes nucleotídeos:
Perceba que a única parte que se altera em cada molécula é a região da base nitrogenada.
Assim, a informação é armazenada na sequência do aparecimento dos nucleotídeos. Veja o exemplo abaixo de uma representação de uma sequência de nucleotídeos:
Essa sequencia pode conter uma série de informações. Vamos ver mais detalhadamente no próximo tópico.
Falamos anteriormente que o DNA tem uma dupla fita. Isso ocorre pois os nucleotídeos além de ligarem-se entre si em uma sequência, também podem se ligar com uma sequencia complementar. E existe uma regra:
ADENINA LIGA-SE COM TIMINA (E VICE-VERSA)
CITOSINA LIGA-SE COM GUANINA (E VICE VERSA)
Isso ocorre pelo formato de cada uma dessas moléculas.
Se considerarmos que a sequência de nucleotídeos acima representa DNA, então necessariamente existe uma fita complementar:
Dessa forma, é possível verificar que a molécula de DNA é formada por uma dupla fita de nucleotídeos.
Já a molécula de RNA, é formada por apenas uma única fita de nucleotídeos. Outra diferença marcante é que não existe a base nitrogenada Timina no RNA. Ela é substituída por Uracila, representada pela letra U.
Veja a mesma sequencia acima, porém de uma simples fita de RNA, com a timina substituída pela uracila:
O Vídeo abaixo resume todo o processo de produção de proteínas a partir da informação genética contida no DNA.
Os Genes
Uma das funções do DNA é "informar" aos aminoácidos como se alinharem e juntarem para formarem a proteína correta e essa síntese de proteínas ocorre dentro do núcleo da célula. O gene é a unidade fundamental da hereditariedade e são formados por moléculas de DNA que contém informações sobre nossas características. Os cromossomos dos seres eucariontes são formados por DNA e proteínas e na molécula de DNA que estão os genes, portanto é ela que comanda toda a função celular.
O GENE é um segmento (uma parte, uma região) de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico), responsável pelas características herdadas geneticamente. Cada gene é composto por uma sequência específica de DNA que contém as instruções para produzir uma proteína que desempenha uma função específica no corpo.
Genótipo é o conjunto formado pelos genes de um indivíduo.
Fenótipo refere-se às características visíveis que podem ser modificadas.
Cada gene comanda a síntese de determinada
proteína e nesta síntese um gene é transcrito em moléculas de RNA que serão traduzidas
em moléculas de proteínas no citoplasma. Os genes são encontrados nos
cromossomos, que são formados por cadeias de DNA associadas às proteínas. Em um
cromossomo, existem diferentes genes, os quais determinam diferentes
características.
Veja o vídeo abaixo para compreender um pouco mais sobre como funcionam os genes
A transmissão das características genéticas: Hereditariedade e evolução.
Desde muito cedo na história humana, foi percebido que existe certa relação na transmissão de algumas características específicas em indivíduos aparentados.
Por exemplo, quem nunca ouviu: Ela tem os olhos da mãe; Ele tem o nariz do pai; Meu pai é careca, então provavelmente serei, etc.
Essas afirmações indicam um processo muito profundo e que é a base para a continuidade da vida, que é a transmissão hereditária das características.
Essa transmissão não se limita apenas as características fenotípicas (a manifestação visível do fenótipo) mas também as características genotípicas (todos os genes do indivíduo).
Porém verifica-se que algumas características "pulam de geração". Por exemplo a cor dos olhos.
É muito comum que crianças com avós com olhos claros e pais com olhos castanhos, nasçam também com olhos claros. Por que essa característica "pulou" uma geração, não sendo transmitida diretamente?
Essa pergunta foi feita por um padre, no século XIX (19), conhecido como Gregor Mendel, que eram um exímio cultivador de ervilhas.
Mas o que as ervilhas tem em comum com a cor dos olhos humanos???
Muito, já que são um modelo bem simples e que se reproduz e produz descendentes muito mais rápido que humanos.
A reprodução sexuada e os trabalhos de Mendel
Gregor Mendel queria estudar os mecanismos que passavam as características de um organismo para sua prole, por causa desses estudos, ele ficou conhecido como o pai da Genética.
Os Experimentos de Mendel
Em 8 de março de 1865, Mendel apresentou um trabalho à Sociedade de História Natural de Brunn, no qual enunciava as suas Leis de Hereditariedade, deduzidas das experiências com as ervilhas. Ele usou uma ervilha específica, a Pisum sativum. Mas por que as ervilhas? Por causa do seu ciclo de vida curto, porque são cultivadas facilmente, o grande número de descendentes, e podia controlar a reprodução.
Em seus experimentos, Mendel observou que algumas plantas originadas de sementes verdes, quando cruzadas entre si, sempre produziam sementes verdes.
ERVILHAS VERDES, SEMPRE GERAM ERVILHAS VERDES, DEPOIS DE CRUZADAS
Da mesma forma, havia plantas de sementes amarelas que, cruzadas entre si, produziam apenas sementes amarelas.
ERVILHAS AMARELAS, SEMPRE GERAM ERVILHAS AMARELAS, DEPOIS DE CRUZADAS
Mendel chamou essas plantas de "puras". Cruzando plantas de sementes verdes "puras" com plantas de sementes amarelas "puras", eram produzidas apenas sementes amarelas, como representado no cruzamento I.
ERVILHAS VERDES "PURAS" CRUZADAS COM ERVILHAS AMARELAS "PURAS", SEMPRE GERAM ERVILHAS AMARELAS, DEPOIS DE CRUZADAS.
Ao permitir a autofecundação (fecundação dos óvulos da flor pelo próprio pólen) das plantas com sementes amarelas dessa geração I, eram produzidas tanto sementes amarelas quanto sementes verdes na geração II.
AO CRUZAR ERVILHAS AMARELAS DO ÚLTIMO CRUZAMENTO, MENDEL OBTEVE 75% DE ERVILHAS AMARELAS E 25% DE ERVILHAS VERDES
Justamente isso fez com que Mendel tivesse que buscar um modelo explicativo de como as características de um ser vivo podem ser transmitidas de geração em geração, pois inesperadamente uma característica perdida ressurgiu!
A chave para isso está em compreender como os organismos se reproduzem.
Reprodução dos seres vivos e a geração de gametas
A chave para as respostas de Mendel está no mecanismo de como são geradas as células reprodutivas conhecidas como GAMETAS.
O ciclo de vida da maioria das células é composto de um período em que a célula realiza atividades, como produção e/ou armazenamento de substâncias, crescimento, entre outras, e de um período em que a célula se divide, originando novas células. A divisão celular é comandada pelo núcleo da célula. Existem dois tipos básicos de divisão celular: a mitose e a meiose
Mitose
A
mitose é um processo em que uma célula-mãe origina duas
células-filhas idênticas a ela, com o mesmo número de cromossomos.
Quando a célula está se preparando para a divisão, os cromossomos se
duplicam, o que possibilita que o número de cromossomo das células-filhas
seja mantido.
Nos seres pluricelulares, a mitose possibilita o crescimento do organismo e a reposição de células somáticas (são células diploides que formam todos os órgãos e tecidos do organismo) que se desgastam e morrem.
Meiose
A meiose é um tipo de divisão celular que origina quatro
células-filhas com metade do número de cromossomos da célula-mãe. Os
cromossomos também são duplicados no início da meiose, porém ocorrem
duas divisões celulares, resultando em quatro células e na redução da
quantidade de cromossomos. Nos animais, incluindo os seres humanos, a meiose
ocorre em células germinativas (célula que dá origem
aos gametas), localizadas nas gônadas, originando os gametas, células
sexuais que se unem na fecundação, formando um novo indivíduo.
Os gametas são haploides e contêm metade do número de cromossomos da espécie. Ao se unirem na fecundação, originam um indivíduo diploide, reestabelecendo o número de cromossomos padrão da espécie.
Assim, o novo indivíduo possui, para cada par de cromossomos homólogos, um herdado da mãe e outro herdado do pai. Sendo assim, os gametas são responsáveis pela transmissão de características genéticas dos pais para os filhos.
Os gametas podem conter diferentes combinações dos cromossomos do indivíduo que
o originou. As diferentes combinações possíveis entre os gametas do pai e os da
mãe e o próprio processo da meiose contribuem para a variabilidade genética,
que é fundamental nos processos evolutivos.
Voltando as conclusões de Mendel
Com base em seus experimentos, Mendel elaborou a hipótese de que cada característica é determinada por um par de fatores hereditários, que hoje chamamos de alelos.
Os alelos são diferentes formas de um gene que ocupam a mesma posição nos cromossomos homólogos (são os cromossomos iguais, que fazem par).
No caso das ervilhas, o gene para a característica "cor da semente" tem dois alelos: um para a cor verde e outro para amarela.
Mendel concluiu que as plantas "puras" apresentavam dois alelos iguais para a cor da semente. As plantas geradas pelo cruzamento entre elas (cruzamento I) possuíam um alelo para semente de cor verde e outro alelo para semente de cor amarela (cada um em um cromossomo diferente). Ele chamou essas plantas de "híbridas" (pois em um cromossomo tinha o gene para cor verde, e no outro cromossomo para a cor amarela) e percebeu que a cor amarela das sementes predominava sobre a cor verde.
É por isso que nos referimos aos alelos para cor amarela como dominantes e aos alelos para cor verde como recessivos.
Os pares de alelos são representados por letras; nesse caso, os alelos dominantes, pela letra A (maiúscula), e os alelos recessivos, pela letra a (minúscula).
Organismos que têm um par de alelos iguais, isto é, que determinam a mesma variação da característica, são chamados de HOMOZIGOTOS (aa e AA).
Organismos que têm um par de alelos diferentes, um de cada tipo em cada cromossomo, são chamados de HETEROZIGOTOS (Aa).
Quadro de Punnett do cruzamento das ervilhas realizado por Mendel. Autor:
Felipe Azevedo Borges. Licença: todos os direitos reservados. Fonte: arquivo
pessoal.
Como o alelo para a cor amarela é dominante sobre o alelo para a cor verde, os indivíduos heterozigotos possuem sementes de colorações amarelas.
Mendel propôs que os indivíduos homozigotos somente poderiam formar gametas com um tipo de alelo, para cor verde ou para cor amarela, e que os heterozigotos poderiam formar gametas dos dois tipos. Assim, concluiu que os fatores hereditários se segregam independentemente na formação dos gametas.
Heredograma do cruzamento das ervilhas realizado por Mendel. Autor:
Felipe Azevedo Borges. Licença: todos os direitos reservados. Fonte: arquivo
pessoal.
Somente no início do século XX os trabalhos de Mendel foram reconhecidos e foi possível relacionar a segregação dos fatores mendelianos com o comportamento dos cromossomos durante a divisão célula.
E A EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES?
O conceito de evolução dos seres vivos surge a partir do conhecimento de como as características dos seres vivos surgem, como são transmitidas ao logo das gerações e a interação destas com o meio ambiente.
Surgimento das características
Todas as características dos seres vivos são determinadas pelo seu genótipo (conjunto de genes).
Estes genes determinam o quê e como cada organismo de cada espécie irá fazer e ser.
Cada espécie tem um conjunto específico de genes, que possuem uma sequencia específica de nucleotídeos.
Cada vez que ocorre a reprodução celular, todo o material genético tem que ser copiado para estar presente nas duas células filhas. Normalmente esse processo é perfeito, sendo geradas duas copias idênticas a original. Inclusive, caso ocorram erros, existe a possibilidade de correção.
Porém em algumas ocasiões esses erros não são corrigidos. surgem ai as MUTAÇÕES.
A mutação é uma mudança no DNA que pode ser benéfica ou não para o organismo ou ainda não causar nenhum dano ou vantagem. O termo mutação diz respeito às mudanças no material genético, o que constitui a principal fonte de variação genética existente.
Portanto, quando pensamos em geração de variabilidade genética, temos que pensar em mutações!
Transmissão das características: Hereditariedade
Para a evolução, as mutações importantes são as que podem ser passadas de geração em geração. É o caso das mutações que ocorrem nas células germinativas (ou reprodutivas, os gametas).
Outras mutações por ocorrerem nas células somáticas (células que formam o corpo do organismo), não podem ser transmitidas para a próxima geração.
Outra questão importante em considerar na hereditariedade é que os genes, que portam as características genéticas do indivíduo, estão presentes sempre em pares de alelos.
Isso é importante pois em casos de mutações desvantajosas, o organismo ainda pode ter a função preservada caso tenha um alelo saudável.
A influência do ambiente: Seleção Natural
Quem determina se uma mutação será benéfica ou prejudicial para um organismo é o ambiente onde o mesmo se encontra.
O ambiente seleciona sempre os organismos mais aptos para sobrevivência. Este é o princípio da SELEÇÃO NATURAL
A seleção natural é um dos principais mecanismos da evolução. De uma maneira bastante simples, podemos dizer que a seleção natural é um processo em que os organismos mais aptos são selecionados, sobrevivem no meio, reproduzem-se e passam suas características aos seus descendentes.
RESUMINDO:
- As mutações ocorrem aleatoriamente e geram diversidade genética entre os indivíduos.
- As mutações podem ser transmitidas entre as gerações.
- Os indivíduos mais aptos são selecionados e se reproduzem mais, transmitindo para mais indivíduos as características selecionadas.
- Com o decorrer do tempo e das gerações, as características dos indivíduos vão mudando a ponto de surgirem novas espécies e aumentando assim a biodiversidade.
- É um processo lento e que ocorre entre as gerações dos indivíduos. Nenhum organismo evolui individualmente. Este é um processo que depende do tempo e da população como um todo.
Avalie o que aprendeu
Agora chegou a hora de avaliar seu aprendizado!
Essa é uma atividade obrigatória. Valerá nota e também será contada como presença nas aulas de ciências.
O início do prazo para começarem a fazer essa atividade será no dia 03 de novembro com prazo de entrega no dia 26 de novembro.
As dúvidas deverão ser enviadas pelo privado do whatsapp do professor ou discutidas no presencial.
Bom trabalho!